Nesta manhã o segundo estágio do foguete Atlas-5 colidirá contra o polo sul da Lua. Uma coluna gigantesca formada por detritos se erguerá mais de 6 mil metros de altitude com a força do impacto.
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LCROSS significa Lunar Crater Observation and Sensing Satellite ou Satélite de Sensoriamento e Observação de Crateras Lunares. A missão é composta de dois módulos que serão separados algumas horas antes do impacto. Um deles é o Centauro, o segundo estágio do foguete Atlas-5 que levou a missão ao espaço e o outro é a sonda de sensoriamento Lcross, responsável pela análise dos dados. O primeiro a se chocar contra a Lua será o Centauro e quatro minutos depois é a vez da sonda se espatifar contra a superfície, após penetrar na nuvem de fragmentos e estudá-la.
Após o primeiro choque contra o fundo da cratera, uma gigantesca coluna de material congelado será erguida entre 6 mil e 10 mil metros de altitude e receberá a luz solar pela primeira vez em milhões de anos. Essa material será penetrado pela sonda LCROSS que virá logo atrás e estudará rapidamente sua composição química. Caso o material ejetado contenha água congelada, suas moléculas serão quebradas pela radiação ultravioleta do Sol, separando o hidrogênio (H) e hidróxido (OH) que serão detectados pelos espectrômetros a bordo da LCROSS.
O objetivo do experimento é detectar a presença de água no fundo de uma das crateras polares da Lua, que devido à posição selenográfica nunca recebeu a luz do Sol em milhões de anos, por isso permanece escura e congelada. Sondagens anteriores feitas por radar e outras sondas lunares levantaram a possibilidade da existência de água congelada no fundo de algumas crateras, daí a necessidade de estudar o material que existe alojado em seu interior.
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O Centauro atingirá a cratera lunar a 9 mil km/h, produzindo energia cinética equivalente a 1 tonelada de TNT. Isso criará uma nova cratera de 3 metros de profundidade por 30 metros de comprimento. A quantidade de material ejetado dará para encher dez ônibus escolares. A temperatura do ponto de impacto subirá de 90 graus negativos para 200 graus Celsius.
Para ver o impacto e a pluma ejetada é necessário um telescópio de médio porte, maior que 250 milímetros de diâmetro. Telescópios menores estarão no limite do modelo calculado para o brilho da pluma de poeira, que poderá apresentar grande variação entre os dados calculados e o realmente ocorrido.
O melhor local para ver o impacto é no meio do oceano Pacífico. Ali, dois dos maiores telescópios do mundo - Keck e UH-88, em Mauna Kea, estarão observando o evento. O impacto também poderá ser visto de quase todos os EUA, mas o oeste e meio-oeste americanos serão os mais favorecidos, além da costa oeste do México, Canadá e Alasca. Observadores na Nova Zelândia e Polinésia também serão bastante privilegiados.
Infelizmente, o impacto não será visível do Brasil. O choque acontecerá às 08:31:30 pelo Horário de Brasília e neste horário a Lua já estará bem próxima ao horizonte oeste, com o céu bastante claro, impossibilitando a visão da explosão e da coluna de poeira lunar.
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A separação dos dois módulos está prevista para as 23 horas de quinta-feira. Neste momento os controladores da missão corrigirão a posição e trajetória das naves, dirigindo-as diretamente para a cratera alvo.
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O impacto do Centauro ocorrerá às 08:31:30 enquanto a sonda LCROSS se chocará 4 minutos e 15 segundos depois, às 08:35:45. O local escolhido é a cratera Cabeus, localizada no pólo sul da Lua. Vista da Terra a cratera se encontra próxima ao limbo lunar. Cabeus tem 100 km de diâmetro, mas o alvo da sonda é um pequeno vale em seu interior. As coordenadas selenográficas do impacto são 84.4 S e 45.0 W e todos os horários são de Brasília.
Existem dezenas de campanhas de observação, principalmente nos EUA, onde até mesmo as crianças estarão participando. Astrônomos profissionais e amadores estarão coletando dados e imagens que serão posteriormente enviadas aos pesquisadores da Nasa junto ao Centro Espacial Goddard, que está coordenando a missão. Todos os telescópios espaciais, incluindo Hubble, Spitzer, Herschel e Chandra já foram reorientados e já estão coletando dados da região da cratera Cabeus.
O ApoloChannel retransmitirá o evento a partir das 07h30 da manhã desta sexta-feira, dia 9. Um chat estará disponível para os usuários tirarem dúvidas do evento, que contará com a participação do diretor do Apolo11, Rogério Leite. ApoloChannel.
O Apolo11 publicou diversos artigos sobre o evento e acompanhou a missão desde que foi concebida. Clique aqui para ler os artigos.
Fonte: Apolo11.com
Imagens: No topo, concepção artística mostra a sonda Lcross seguindo em direção à pluma de material levantado pelo impacto do Centauro. Na sequência, a localização da cratera Cabeus no polo Sul da Lua, em imagens captadas pelo Observatório de Tortugas, nos EUA. Em seguida, diagrama mostra a sequência de eventos após o impacto da sonda, que erguerá uma pluma de detritos entre 6 mil e 10 mil metros de altitude. Acima, vídeo mostra como será o impacto das duas naves. Créditos: Nasa/Goddard Space Flight Center/Youtube.
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