sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Rio vence Madri e será sede das Olimpíadas de 2016



Após duas tentativas frustradas de organizar uma Olimpíada, o Rio de Janeiro foi anunciado nesta sexta-feira como sede dos Jogos-2016, os primeiros na história a serem organizados em um país sul-americano. A cidade brasileira venceu Madri, Tóquio e Chicago na eleição do COI (Comitê Olímpico Internacional) realizada hoje em Copenhague, na Dinamarca.

Na primeira rodada de votação, Chicago, que era considerada favorita, foi eliminada. Na segunda, foi a vez de Tóquio sair da disputa. Na decisão, o Rio venceu Madrid.

Sites especializados como o "Game Bids" e o "Around The Rings" colocavam a capital fluminense como a principal favorita, com ligeira vantagem sobre Chicago. A cidade norte-americana, porém, era a favorita em casas de apostas, seguida pelo Rio.

Entre os quatro países com cidades candidatas, o Brasil era o único que ainda não havia recebido nenhuma Olimpíada. O caráter inédito da candidatura carioca foi bastante ressaltado na apresentação feita pelo Rio de Janeiro antes da votação.

"Entre as dez maiores economias do mundo, somos os únicos que não sediaram a Olimpíada. Para os outros, será apenas mais uma Olimpíada, mas para nós será uma oportunidade sem igual. O desafio do COI é expandir os Jogos para novos lugares, de acender a pira olímpica em um país tropical", disse o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva.

"Essa candidatura não é só nossa, mas é da América do Sul. Um continente que nunca sediou uma Olimpíada. Está na hora de corrigir isso", adicionou.

A apresentação da candidatura brasileira contou ainda com discursos do ex-presidente da Fifa João Havelange, do comandante do COB e comitê da candidatura, Carlos Arthur Nuzman, do governador do Rio, Sérgio Cabral Filho, do prefeito da cidade, Eduardo Paes, do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, do secretário geral da candidatura, Carlos Roberto Osório, e da velejadora Isabel Swan, medalha de bronze nos Jogos Olímpicos de Pequim-2008.

Um dos embaixadores da campanha carioca, Pelé não discursou. O maior jogador de futebol da história apenas acenou para os membros votantes do COI.


Gastos

O projeto apresentado pelo Rio é o mais caro entre os quatro finalistas. Ele prevê o gasto de US$ 14,42 bilhões na organização da Olimpíada. Chicago projetava orçamento de US$ 4,82 bilhões; Madri, de US$ 6,13 bilhões; e Tóquio, de US$ 6,8 bilhões.

Só na fase de candidatura, encerrada com a eleição desta sexta, já foram gastos R$ 138 milhões. O dinheiro veio de recursos do município, do governo, da União e da iniciativa privada.

O plano da Olimpíada brasileira é aproveitar 19 das arenas que foram levantadas para os Jogos Pan-Americanos de 2007. Outros 11 ginásios serão construídos, além de quatro locais temporários de competição.

Assim como o comitê que organizou o Pan, o projeto da Olimpíada também é encabeçado pelo presidente do COB (Comitê Olímpico Brasileiro), Carlos Arthur Nuzman.

Histórico

Nas duas outras vezes em que o Rio se lançou candidato à principal competição poliesportiva do mundo, o projeto brasileiro não passou das etapas preliminares do processo seletivo.

Para a Olimpíada-2004, a cidade contou com grande apoio popular, mas sofreu com a divisão entre os dirigentes. João Havelange apoiou o projeto, enquanto o presidente do COB (Comitê Olímpico Brasileiro), Carlos Arthur Nuzman, preferiu um papel secundário.

O Rio voltou a competir a competir pela sede dos Jogos-2012, mas não foi aprovado pelo COI, que criticou o planejamento financeiro da candidatura, considerado otimista demais, e as ações para melhorar a rede de transporte da cidade.

A terceira tentativa carioca, enfim, conseguiu chegar à final, mas ainda sim sob desconfiança do COI. Das quatro cidades finalistas, o Rio foi a que recebeu a pior nota na primeira avaliação.

A situação mudou no começo do mês passado.

Após as visitas de inspeção nas quatro cidades, o COI colocou o Rio no mesmo nível das outras três candidaturas. A entidade elogiou o apoio de todas as esferas governamentais, assim como o aspecto social da candidatura, mas criticou a rede hoteleira da cidade e a falta de segurança.

Com a nova avaliação, a candidatura brasileira passou a ser tratada como favorita em sites especialistas no movimento olímpico, como o "Around the Rings" e o "Games Bids", tendo como principal adversária Chicago, que ganhou impulso com a confirmação da presença do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, em Copenhague.

Fonte: Midia Max News / Folha/JL

Lula diz que Rio 'une continentes' e 'tem paixão' por Olimpíadas

Presidente defendeu candidatura brasileira. Anúncio da vencedora será feito nesta sexta.

Enviada especial da BBC Brasil a Copenhague - Em seu discurso em defesa da candidatura do Rio de Janeiro como sede das Olimpíadas de 2016, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta sexta-feira, em Copenhague, na Dinamarca, que a identidade do Brasil une todos os continentes e destacou que, para o Brasil, as Olimpíadas serão "uma oportunidade sem igual".

"Essa candidatura não é só nossa. É também da América do Sul. Está na hora de a pira olímpica ser acesa num país tropical", afirmou Lula, que encerrou seu discurso ressaltando a "paixão do povo brasileiro" pelos esportes.

Foi este também o tema do filme do cineasta Fernando Meirelles apresentado em seguida, com muitas imagens de cariocas recebendo delegações estrangeiras vestindo roupas em cinco cores diferentes pelas ruas da cidade.

A imagem final, das delegações formando os cinco aneis olímpicos na praia de Copacabana, cercadas por milhares de cariocas, foi muito elogiada pelos jornalistas que assistiam à apresentação em Copenhague.

A apresentação brasileira foi aberta pelo presidente honorário da Fifa, João Havelange, que disse "sonhar em ver História sendo feita em 2016"

"Por uma notável coincidência, eu convido a todos os senhores para estar comigo em 2016, em minha cidade, neste novo Brasil para o meu aniversário de cem anos", afirmou Havelange.

Antes do discurso de Lula, outra fita promocional reuniu imagens da Cidade Maravilhosa e apresentações esportivas, sob a trilha sonora de uma versão de Aquele Abraço, de Gilberto Gil.

Além de Lula, discursou também o presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), Carlos Arthur Nuzman, que destacou o fato de 12 Jogos Olímpicos já terem sido realizados na América do Norte, e oito destes, nos Estados Unidos, numa alusão à candidatura de Chicago, considerada a principal rival do Rio.

'Afirmação sobre o futuro'

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, participou da apresentação também, para avalizar a saúde financeira do país.

"Nós lhes fornecemos garantias que podem inspirar confiança", disse o economista.

Nuzman encerrou a apresentação brasileira afirmando que a escolha da cidade certa é uma "afirmação sobre o futuro e o que o COI oferece às gerações futuras".

"O Rio oferece ação, não só palavras. O Rio traz um espírito renovado de paixão. Votem no Rio e abrirão um portal para uma população apaixonada."

Em sua apresentação, o governador do Rio, Sérgio Cabral Filho, ressaltou que a situação da segurança no Rio "mudou", entre outros graças a uma nova geração de policiais.

"Posso garantir em nome dos três níveis de governo do Brasil que apresentaremos Jogos seguros", afirmou Cabral.

Participaram da cerimônia na Dinamarca ainda Pelé, o nadador deficiente Daniel Dias, vencedor de nove medalhas de ouro nos Jogos de Pequim, a velejadora Isabel Swan e a atleta Bárbara Leôncio.

A única atleta a discursar foi a velejadora, medalha de bronze em Pequim. Ela disse achar "maravilhoso treinar e competir no Rio".

"No Brasil, nós sabemos que o esporte pode transformar vidas, como é o caso do Rei do Futebol, Pelé, do nadador paraolímpico Daniel Dias e da corredora Bárbara Leôncio."

Após a apresentação brasileira, a delegação respondeu a perguntas do COI. A primeira foi sobre a possibilidade de abertura de investigações policiais no Brasil sobre cooperação em casos de doping.

Para responder a uma pergunta sobre a maior importância do legado das Olimpíadas no Rio, foi convocado o governador fluminense.

"O maior legado será para a nossa auto-estima", disse Cabral.

Ao deixar a cerimônia, o escritor Paulo Coelho revelou que antes da apresentação da candidatura do Rio, todos os representantes brasileiros se reuniram e cantaram "Cidade Maravilhosa". BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.
Fonte do Texto: Estadão.com.br

Veja Video como o tema "A paixão nos une RIO2016"

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